Peça Teatral
"O Roubo dos Talentos".
Texto de Ricardo César - 2002.
Direção de Júnior de Lima.
Direção de Júnior de Lima.
Apresentada pela Juventude da 1ª Igreja Batista de São Gonçalo, em 01 de julho de 2012.
Culto Dirigido pelas irmãs que fazem parte da MCA - Mulheres Cristãs em Ação.
Estas são algumas fotos da presentação que foram tiradas na Igreja.
Segue abaixo o texto da peça:
O Roubo dos Talentos
(Vem cantando e tocando em cortejo. Forma a roda ainda
cantando e movimentando).
TODOS – O Roubo dos talentos.
(Termina de falar, todos se agacham, menos o
narrador).
NARRADOR – Bom dia Igreja, bom dia
jovens, adolescentes, papais, mamães, bebês, ainda os que vão nascer...Hun, Hun
(tosse engasgado, sem graça), enfim a todos!
Estamos aqui
nesta bela manhã... (dá continuidade: de sol ou de chuva, ou noite se for
o caso), trazendo até vocês, minutos de reflexão.
Vejamos...Exemplo
(faz um giro suave).
Você, você
canta pra Deus? Amém! (se a
resposta for sim. Procura outra pessoa e antes que ela possa responder se
adianta). Não?? Nem quando está
sozinho, sem ninguém por perto...No banheiro? (aponta para outra pessoa).
E você, sabe fazer alguma coisa diferente, ou igual
mesmo, mas que seja um talento. – Por exemplo: dançar, tocar, pintar, pregar,
cozinhar, etc, etc... Os etc’s também. Ahá! Alguma coisa você sabe fazer.
Então preste atenção nessa história.
(O
narrador se agacha. O cantor entra empolgado cantando um hino).
CANTOR – Jesus, quero sempre te
louvar, com todas as minhas forças. Como é bom cantar. (Continua
cantando).
LADRÃO – (Vai até a frente da
roda esfregando as mãos; dá um sorrisinho cínico; zoa a respeito da força do
cantor. Faz um sinal com a mão para o público e dirige-se até a fuxiqueira que
já está em pé. Começa a incomodá-la).
CANTOR – (Cantando como se
tivesse esquecido do hino) Vou aproveitar e pegar a cópia do hino pra
ensaiar. (sai)
FUXIQUEIRA – (Com uma vassoura
na mão) Ah, meu Deus! Tanto trabalho e ainda tenho que ouvir esse
vizinho irritante. Que só quer saber de cantar hinos, e claro, DE-SA-FI-NA-DO.
Deixa ele voltar, vai ver só.
(Para o
público)
É muito chato gente. Um bando de metidos que se acham cantores, tudo
cacarejando. Vê só se Deus vai escutar uma coisa dessas.
Eu ainda canto
alguma coisa... (cantarola) viu? Eu sou crente. E para mim tem
que ser tudo certo, certinho, os pingos nos is. Tem que cantar sim, mas na
igreja e com todo mundo, os hinos da Harpa Cristã (ou Cantor Cristão).
Foi assim que me ensinaram, ensinaram a minha santa mãe e a minha santa avó. E
tem que continuar assim. Ahh! E muito jejum e muita oração (Dá um sorriso
envaidecido) Vocês acham que mantenho o meu corpinho como?...Ah
esquece. Não sou eu a questão.
CANTOR – (Com a cópia do
hino na mão, começa a cantar – é interrompido).
FUXIQUEIRA
– Para de
latir, você não tem o que fazer não? Ô cabeça a minha! Claro que não, é jovem.
Só pode estar desocupado. Deixa eu
trabalhar em paz. Você não canta nada, seu desafinado. Ta achando o quê? Que
meu ouvido é pini (corta) Aaiii! Já estou saindo da graça. Sinal
de que estou certa.
CANTOR – Desculpa, senhora. (triste, sai de cabeça
baixa).
(O ladrão até então assistindo sentado, fica
pulando do outro lado).
NARRADOR – É, irmãos, já viram alguma coisa assim? Vigia...
(Entra o músico tocando violão).
(O Ladrão vai até a frente, faz um sinal para
o público e volta vestindo um paletó e uma gravata).
LADRÃO – A paz do Senhor, irmão!
MÚSICO – A paz do Senhor!
LADRÃO – O que você está fazendo?
MÚSICO – Tocando um hino!
LADRÃO – (Sorrindo
cinicamente) É mesmo? Não percebi. Que hino é esse? (vira a
cabeça para o público e faz uma careta).
MÚSICO – (Já inseguro, tenta
explicar-se) Bem, é, bem... O hino é (cita um), estou
pegando agora, sabe? (desculpando-se) ...Mas vou melhorar.
LADRÃO – Acho difícil. Será que
seu chamado não é outro? (põe a mão no coração, depois na cabeça e coloca
a outra mão no ombro do músico)
Olha...Estou
sentindo que Deus está me dizendo que o seu chamado é... é... é pra pregar. NÃO
TEM NADA A VER COM TOCAR. Isso é coisa para outras pessoas. Vá se dedicar à
palavra. (saindo)
MÚSICO – Meu Deus, será verdade?
Sempre quis tocar hinos para ti. Senhor, meu coração fica tão feliz quando
estou tocando. Mas o teu servo falou que não é o meu chamado. (tenta se
animar um pouquinho) Ah, Papai, eu queria tanto tocar.
LADRÃO – (Passa por trás, falando:) Deus só
quer te usar na palavra.
(Músico desiste de vez e sai triste)
NARRADOR – Crentes do céu, acho que
alguém aqui já passou por isso. Continuem vigiando...Ah, Papai!!
BAILARINA – (Entrando)
Mãeêê, estou indo para o ensaio! (faz passos coreográficos)
LADRÃO – Agora é que ‘tá’ fácil! (faz
uma careta feliz) Quer vê só? (veste o paletó e a gravata e vai
até a fuxiqueira).
Como é que pode? Agora, até dança na igreja.
FUXIQUEIRA – Isso é coisa do mundo.
LADRÃO – O mundo está entrando. Entrando não, já entrou
dentro da igreja.
FUXIQUEIRA – Danças sensuais!!!
LADRÃO – Cadê a visão deste povo?
FUXIQUEIRA – Queima este povo, meu
Deus. Isso não é crente nem aqui nem na China.
LADRÃO – Até que é bunitinho, mais o inferno tá cheio de
coisa assim.
(A vizinha sai balançando a cabeça
negativamente).
LADRÃO – (O
ladrão puxa alguém do público para o meio da roda – uma garota de preferência) Olha que coisa feia! Se
pelo menos soubesse dançar. Parece uma tábua de tão dura. Você dança melhor, (apontando
para a pessoa) mas se fosse coisa de crente.
(A bailarina tendo escutado sai triste)
LADRÃO – Mais um! Mais um! Mais um! (pulando)
NARRADOR – Para! Para, para, para, para!!!
(O ladrão se assusta)
LADRÃO – Quem é você?
NARRADOR – Não se faça de bobo, você
sabe quem eu sou. Estou vendo tudo por aqui.
LADRÃO – O narrador... (com cara de desprezo)
NARRADOR – Você, que se acha o
bambambam, tão sabido, que gosta de uma fofoca, adora acusar os outros, fazer
chafurdo, brigar, tirar a paz, destruir os sonhos, roubar a alegria, matar a
fé, etc, etc, etc,... Por acaso, só vive disso?
LADRÃO – Só, por quê? Tem mais
alguma sugestão? (narrador faz sinal negativo) – Ah bom, pensei
que sim. SOU sabido mesmo, afinal é o meu papel nessa história. Sempre estou
por perto. Não vigiou, estou na área. Bobeou, estou aqui. Meu negócio é esse:
roubar a visão, colocar obstáculos... fazer que tudo seja pecado para todo
mundo. Assim, todo mundo critica os talentos dos outros, entristecendo os
corações e destruindo os sonhos. Colocando fardos pesados – Opressão, é claro!
NARRADOR – Tá! Mas explique-se melhor, como você consegue
isso?
LADRÃO – (Sentindo-se
melhor) Fácil, Fácil. A maioria não lê a bíblia. Muitos só lêem para
acusar o pecado dos outros; aí, se perdem do verdadeiro sentido e direção. Aí,
sou eu que tomo a direção. Eu não crio nada, sou apenas oportunista. Pra roubar
é comigo mesmo. Deixo o coração destes bem distante da liberdade que um dia
conseguiram através...Hum!Hum! (Se engasga) Através de uma
pessoa, numa determinada cruz. (Bem baixinho)
NARRADOR – Como é esta última frase? (Não escutando)
LADRÃO – Numa determinada cruz. Há
um tempinho atrás sabe? Nada de importante. (Desprezando)
NARRADOR – Xô, xô, xô! Vá embora!
Agora é a minha vez de aparecer. (Vira-se para o ladrão)
SO-ZI-NHO!
LADRÃO – Ih! Se liga... (Sai chateado).
NARRADOR – Viram só, queridos e
queridas adiguenses ou adiguianos? (Mudar o codinome, caso esteja em
outra Igreja) Opa! Já estou me empolgando.
Bem, esta é a função do
ladrão, está percebendo? Então vigia...
(Entra o adorador cantando)
LADRÃO – (Do outro lado e apontando) Este é
o próximo.
Hei, você! ...tão feliz! É
namorada nova no pedaço?
ADORADOR – Não, é Jesus na minha vida.
LADRÃO – Viiixiii! (Com a mão na cabeça, corre para
o outro lado da roda e troca a roupa)
Oi! Você! Psiu! Psiu! Você não é aquele que
antigamente só vivia cheio de cachaça. Até cachorro lambia tua boca?
ADORADOR – Acertou, antigamente...
Hoje estou cheio do Espírito Santo. Remido e lavado pelo sangue de Jesus.
LADRÃO – Aaaiii, minha nossa senhora, estou acabado! Esse
tá difícil.
(Corre em direção da fuxiqueira).
(O adorador continua cantarolando)
FUXIQUEIRA – Pára, garoto, de cantar
desafinado. Isso está acabando com os meus ouvidos. Argh!
ADORADOR – Estou louvando ao meu Senhor e não para a
senhora.
FUXIQUEIRA – Que rapaz mal educado. (Sai
revoltada, balançando as mãos)
LADRÃO – (Atônito)
Meu Deus! Opss!! (Põe a mão na boca) Ele vai na direção dos
jovens que eu entristeci. (Corre em direção aos jovens)
(Levantam-se os três jovens tristes)
ADORADOR – Aí galera, tudo em cima? A paz do Senhor.
OS TRÊS – Amém (fraco).
ADORADOR – Como é que é? Não entendi! Dá pra repetir?
OS TRÊS – Amém (um pouquinho mais forte).
ADORADOR – Continuo não entendendo. Dá pra repetir?
MÚSICO – Olha só, se eu tiver que repetir mais uma vez, te
dou um safanão (mão erguida pra bater).
ADORADOR – Eita Jesus, que o negócio tá ruim mesmo.
– Espera aí gente, estou brincando e vocês já estão me agredindo. O que
está acontecendo de errado?
OS TRÊS – Tudo!! (revoltados e tristes)
(O ladrão nervoso rói as unhas)
ADORADOR – Um de cada vez...
MÚSICO – Eu estava tocando para o Senhor. Veio um irmão e
disse que parasse com isso. Deus tinha me chamado para pregar e não para tocar.
Pó, logo agora que eu comprei minha guitarra nova.
ADORADOR – Hummm! (com a mão no queixo).
BAILARINA – Eu ouvi pessoas falando mal de mim, dizendo que
sou dura e que dançar, não é coisa pra crente, é coisa do mundo, é pecado.
(O cantor interrompe)
CANTOR – E eu, estou inseguro, não consigo mais cantar.
Não tenho nem vontade de participar do coral. Acho que vão sorrir de mim.
Parece que ninguém quer sentar mais comigo.
– Peraí... Mais eu ouvi uma
piadinha pra você! Isso não te abateu? Você não está triste.
ADORADOR – Eu também passei por essa fase, até que descobri
o verdadeiro sentido de ser cristão. Ei pessoal, pessoaaall, Estou aqui. (o
ladrão fica tapando os ouvidos e tirando a atenção dos jovens) Ou (bate
palma), O verdadeiro sentido de ser um cristão. Ser um verdadeiro adorador. Lê a palavra,
jejuar, mas principalmente obedecer à voz de Deus. Não duvide daquilo que pulsa
no teu coração, quando você quer servir a Deus.Nós fomos feitos a imagem e
semelhança do Deus criador. Ele mesmo criou as artes para o seu louvor.
MÚSICO – Sério?!
ADORADOR – Claro, a bíblia conta isso sem complicações. Nós
é que complicamos tudo. Vejamos Davi: Gente como nós, mas homem segundo o
coração de Deus. Com seus poemas e canções, viu seu cantor. Ele era homem
sensível ao Espírito de Deus. Quando tocava, seu músico, afugentava o espírito
mal que atormentava Saul. Esta é pra você bailarina, ele dançou com todas as
suas forças, quando a arca da aliança entrou em Jerusalém. Ele não se importou
com a multidão nem com as críticas. Estava diante do Deus todo poderoso,
adorando-o sem restrições, e Deus o teve como verdadeiro adorador.
LADRÃO – Ah! não, agora é demais (revoltado).
ADORADOR – Nós estamos aqui, livres pelo sacrifício e
ressurreição de Jesus. Somos tabernáculos de Deus. E pra quê ouvir o inimigo
dizer que não devemos agir assim, quando o nosso Deus nos ensina a adora-lo com
tudo o
que temos e tudo o que somos. Ele nos escolheu assim
como somos, com talentos que Ele mesmo nos concedeu.
TODOS – Então podemos prosseguir?
ADORADOR – Claro. Não só pode como deve.
NARRADOR – Stop! (A cena congela) Vem cá seu ladrão (o
ladrão vem de cabeça baixa), Tá com medo é?
Se manda, dá no pé (ele sai correndo). Porque aqui temos cristãos de
verdade, que amam uns aos outros e adoram a Deus sem reservas e preconceitos.
(Vira-se para a platéia) Mas procuram agradar primeiro aquele que um dia morreu
para que pudéssemos ter liberdade para cantarmos, gritarmos, dançarmos,
pregarmos e usarmos os nossos corpos para a glória dEle. Não deixe que te roubem
os sonhos, nem a alegria de servir a Deus com o que você sabe fazer de
melhor. Deus te quer assim como você é,
melhorando cada dia é claro, mas assim, sendo você mesmo. Sem máscaras e
mentiras. Mas um coração sincero, ensinável e adorador.
– Podem continuar (virando-se para os
jovens).
TODOS – Então vamos adorar o nosso Deus.
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